Estamos sempre nessa nossa vida em transição. Colocamos tudo que temos em um objetivo. Focamos nossas maiores energias em algo que pensamos vai nos fazer feliz. Mas as coisas não são bem assim. Algo pode não acontecer como planejamos, ou ainda na hora que queremos, então temos de viver esse jogo de paciência cotidiano.
Trabalho, dinheiro, prioridades, família, tudo isso deve vim acompanhado de nossas determinações interiores. As náuseas que nos entediam sem parar. Quando estamos sóbrios enfrentamos de frente tudo que tememos. O arrastar lento e sem graça, das mesmas coisas todos os dias. Sempre os mesmos receios. Contas a pagar, pessoas a convencer de comprar um serviço, mais uma página de um livro em construção.
Tudo é um caminhar sem sentir um alívio e o sossego. Felizes são aqueles que ainda não tem noção das suas responsabilidades e nem tem nada a perder e viver numa brisa continua, mas bacana.
Leio agora nesses últimos dias As Aventuras de Huckleberry Finn de Mark Twain, uma estória bem interessante de um mundo diferente do nosso atual, mas parecido com algumas contradições. O homem negro em um país meio escravocrata, meio livre, ao lado de um garoto meio bandido, meio libertário. Dei uma pausa, na outra leitura: As Crônicas de Gelo e Fogo (Livro Três), de George Martins R.R. Tive que parar no meio, pois é uma estória longa desse romance, que deu início, a série premiada da HBO, Game Of Thrones.
A leitura é ainda uma arte que me traz sossego. Apesar de sentir que tem dia, que tenho de me desligar de tudo. Segunda a sexta, leitura em demasia, escrevendo um livro, vendendo passeios, vendo muita série na Netflix e no celular todo tempo, vendo redes sociais, olhando sites de notícias. A cabeça fica #estressada. Não tem serumaninho que suporte, tanta pressão sem ficar muito cansado mentalmente. Ainda tem as tarefas do lar. Arrumar a casa, varrer, encher garrafa, fazer arroz. Na maioria das vezes a mulher faz quase tudo, até minhas roupas ela coloca na máquina e estende. Não tenho nada a reclamar disso.
Essa minha vida agora de segunda a sexta sem carne, abandonei o cigarro a mais de um ano e vinte dias sem álcool deixa a gente vazio em busca de algo para preencher o espaço, fica até natural essa depressão que me pegou de surpresa. Até a velha companheira masturbação deixei de lado, pois ela me afasta da proximidade que devo sempre ter com a esposa.
Mudanças são feitas e mudam a gente e para se acostumarmos o nosso corpo sofre um pouco o vazio, sem tudo isso. Por último decidi deixar de comer tanto doce na semana. Gosto de deixar sábado e domingo, para comer o que quero a vontade: carne, doce, etc.
Talvez essa semana de chuva e dormir até tarde, sem produzir e sem escrever muitas páginas do livro me deixou assim meio sem graça. E outro, foi não vender bem essa semana. Fique dois dias “colados”, como trabalho avulso, necessito de vender bem, para pagar as contas de cada semana, até paguei, mas ficou aquela sensação de que eu perdi muito tempo, conversando e não abordei gente como deveria. Sei que se eu focar bem, fecho passeios e trago renda para minha casa.
Agora escrevendo isso pude sentir, que sem foco não consigo os objetivos que preciso. E lidar com clientes a fim de fazerem um passeio turístico, necessito está em sintonia. Desligado de política, futebol, conversas banais. Tenho que focar nas vendas, depois que botar bastante dinheiro no bolso, posso bater um papo rápido e me atualizar.
Claro que a vida não é só dinheiro. Mas sem ele muitas coisas que queremos fazer nós ficamos sem poder e outras que queremos comprar não levamos para casa.